Cost of Goods Sold (COGS): O que é e Por que Importa [2025]

O que é Cost of Goods Sold (COGS)?

O Cost of Goods Sold (COGS), conhecido no Brasil como Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) ou Custo dos Produtos Vendidos (CPV), é uma métrica financeira fundamental que representa o custo direto de produção ou aquisição dos bens vendidos por uma empresa durante um período específico.
Segundo o FASB ASC 330 (Financial Accounting Standards Board – Accounting Standards Codification Topic 330), o COGS inclui todos os custos diretamente atribuíveis à produção ou aquisição de mercadorias que foram efetivamente vendidas, excluindo custos operacionais, administrativos e de vendas.
No contexto brasileiro, o CPC 16 (R1) – Estoques, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis e baseado na IAS 2 (International Accounting Standard 2), estabelece que o custo dos estoques deve compreender todos os custos de aquisição, custos de transformação e outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais.

Importância Estratégica em 2025:

Em 2025, o COGS ganhou ainda mais relevância devido a:
Pressões inflacionárias globais impactando custos de matéria-prima
Disruções na cadeia de suprimentos aumentando custos logísticos
Sustentabilidade como fator de custo e diferenciação
Digitalização alterando estruturas de custo tradicionais

Fontes Normativas e Regulamentares

Normas Internacionais:

FASB ASC 330 (Estados Unidos):

Princípio: Lower of cost or net realizable value
Métodos aceitos: FIFO, Average Cost, Specific Identification
Exclusão: LIFO foi eliminado para convergência com IFRS

IFRS – IAS 2 (Internacional):

Aplicação: Empresas que adotam IFRS globalmente
Princípio: Lower of cost and net realizable value
Métodos: FIFO e Average Cost (LIFO proibido)

Normas Brasileiras:

CPC 16 (R1) – Estoques:

Órgão emissor: Comitê de Pronunciamentos Contábeis
Base: IAS 2 (IFRS)
Aprovação: CVM, CFC, SUSEP, ANEEL
Aplicação: Companhias abertas e fechadas de grande porte

NBC TG 16 (R2):

Órgão emissor: Conselho Federal de Contabilidade
Aplicação: Todas as entidades brasileiras
Convergência: Normas internacionais IFRS

Órgãos Reguladores:

Securities and Exchange Commission (SEC):

Regulation S-X: Requisitos de divulgação de COGS
Staff Accounting Bulletins: Orientações interpretativas
10-K/10-Q Forms: Obrigatoriedade de disclosure detalhado

Comissão de Valores Mobiliários (CVM):

Instrução CVM 480/09: Registro de companhias abertas
Instrução CVM 676/22: Demonstrações financeiras
OCPC 07: Evidenciação na divulgação dos relatórios

Como Calcular Cost of Goods Sold (COGS)?

Fórmula Fundamental:

COGS = Estoque Inicial + Compras/Produção – Estoque Final

Exemplo Prático Detalhado:

Empresa de Varejo – Período: Janeiro 2025
Estoque Inicial: R$ 100.000
Compras do Período: R$ 300.000
Estoque Final: R$ 80.000
COGS = R$ 100.000 + R$ 300.000 – R$ 80.000 = R$ 320.000

Métodos de Avaliação de Estoque:

1. FIFO (First In, First Out):

Definição: Primeiras mercadorias adquiridas são as primeiras vendidas Vantagem: Reflete melhor o fluxo físico real Impacto: Em períodos inflacionários, resulta em COGS menor e lucro maior
Exemplo FIFO:
Compra 1: 100 unidades a R$ 10 = R$ 1.000
Compra 2: 100 unidades a R$ 12 = R$ 1.200
Venda: 150 unidades
COGS FIFO = (100 × R$ 10) + (50 × R$ 12) = R$ 1.600

2. Custo Médio Ponderado:

Definição: Custo médio de todas as unidades disponíveis Vantagem: Suaviza flutuações de preço Aplicação: Mais comum no Brasil
Exemplo Custo Médio:
Total disponível: 200 unidades por R$ 2.200
Custo médio: R$ 2.200 ÷ 200 = R$ 11
Venda: 150 unidades
COGS Custo Médio = 150 × R$ 11 = R$ 1.650

3. Identificação Específica:

Aplicação: Itens únicos ou de alto valor Exemplo: Automóveis, joias, imóveis Requisito: Rastreabilidade individual de cada item

Componentes do COGS por Setor:

Indústria Manufatureira:

COGS = Matéria-Prima + Mão-de-Obra Direta + Custos Indiretos de Fabricação
Detalhamento:
Matéria-Prima: Materiais diretos incorporados ao produto
Mão-de-Obra Direta: Salários de trabalhadores da produção
CIF: Energia, depreciação de máquinas, supervisão

Comércio Varejista:

COGS = Preço de Compra + Frete + Seguros + Impostos Recuperáveis

SaaS e Tecnologia:

Segundo SaaS Capital (2025):
Infraestrutura Cloud: AWS, Azure, GCP
Suporte ao Cliente: Custos diretos de atendimento
Third-party Services: APIs e integrações
Data Processing: Custos de processamento de dados

Benchmarks de COGS por Indústria (2025)

Dados Baseados em Fontes Oficiais:

E-commerce (Fonte: OpenSend, 2025):

COGS Típico: 20-40% da receita
Fashion Retail: 45-55%
Electronics: 65-75%
Digital Products: 5-15%

Restaurantes (Fonte: 7shifts, 2025):

Food Cost: 28-35% da receita
Beverage Cost: 18-24%
COGS Total: 30-40%

SaaS B2B (Fonte: SaaS Capital, 2025):

Mediana: 13% da ARR
Quartil Superior: <10%
Empresas Maduras: 8-12%

Manufatura por Setor:

Setor COGS % Receita Fonte
Automotivo 75-85% SEC 10-K Filings
Farmacêutico 25-35% Industry Reports
Alimentos 60-70% USDA Economic Research
Têxtil 55-65% Textile Exchange

Margem Bruta por Indústria (2025):

Dados Gross Margin Benchmarks:

Software: 70-85%
Biotecnologia: 60-80%
Serviços Financeiros: 50-70%
Varejo Alimentar: 20-30%
Energia: 15-25%

Fatores que Impactam o COGS

1. Fatores Macroeconômicos:

Inflação:

Impacto: Aumento dos custos de matéria-prima
Gestão: Contratos de fornecimento indexados
Hedge: Instrumentos financeiros de proteção

Taxa de Câmbio:

Importações: Variação cambial afeta custos
Hedge Cambial: Proteção contra volatilidade
Fonte: Banco Central do Brasil (BACEN)

2. Fatores Operacionais:

Eficiência Produtiva:

Automação: Redução de mão-de-obra direta
Lean Manufacturing: Eliminação de desperdícios
Six Sigma: Melhoria de qualidade e redução de retrabalho

Gestão de Estoque:

Just-in-Time: Redução de custos de carregamento
ABC Analysis: Foco nos itens de maior impacto
Demand Planning: Previsão mais precisa

3. Fatores Tecnológicos:

Digitalização:

ERP Systems: SAP, Oracle, Microsoft Dynamics
IoT: Monitoramento em tempo real
AI/ML: Otimização preditiva de custos

Análise e Interpretação do COGS

Métricas Relacionadas:

1. Gross Profit Margin:

Margem Bruta = (Receita – COGS) ÷ Receita × 100

2. Inventory Turnover:

Giro de Estoque = COGS ÷ Estoque Médio

3. Days Sales Outstanding (DSO):

DSO = (Estoque Médio ÷ COGS) × 365

Análise Temporal:

Tendências Trimestrais:

Sazonalidade: Variações por período
Crescimento: COGS vs. Receita
Eficiência: Melhoria de margem

Análise Vertical:

COGS % = COGS ÷ Receita Total × 100

Análise Horizontal:

Variação COGS = (COGS Atual – COGS Anterior) ÷ COGS Anterior × 100

Estratégias de Otimização do COGS

1. Gestão de Fornecedores:

Negociação Estratégica:

Volume Discounts: Descontos por quantidade
Long-term Contracts: Contratos de longo prazo
Supplier Consolidation: Redução de fornecedores

Avaliação de Fornecedores:

Total Cost of Ownership: Custo total de propriedade
Quality Metrics: Indicadores de qualidade
Delivery Performance: Performance de entrega

2. Otimização de Processos:

Lean Manufacturing:

Value Stream Mapping: Mapeamento de fluxo de valor
Kaizen: Melhoria contínua
5S: Organização do ambiente de trabalho

Automação:

ROI Analysis: Análise de retorno sobre investimento
Payback Period: Período de retorno
NPV: Valor presente líquido

3. Gestão de Estoque:

Modelos de Reposição:

EOQ (Economic Order Quantity): Lote econômico
Safety Stock: Estoque de segurança
Reorder Point: Ponto de reposição

Tecnologia:

RFID: Rastreamento em tempo real
Barcode Systems: Sistemas de código de barras
WMS: Warehouse Management Systems

Compliance e Auditoria

Requisitos de Divulgação:

SEC Requirements (EUA):

Form 10-K: Divulgação anual detalhada
Form 10-Q: Relatórios trimestrais
Regulation S-X: Regras de apresentação

CVM Requirements (Brasil):

ITR: Informações Trimestrais
DFP: Demonstrações Financeiras Padronizadas
Formulário de Referência: Informações anuais

Controles Internos:

SOX Compliance:

Section 302: Certificação de executivos
Section 404: Avaliação de controles internos
PCAOB Standards: Normas de auditoria

Auditoria de Estoque:

Physical Count: Contagem física
Cut-off Testing: Testes de corte
Valuation Testing: Testes de avaliação

Ferramentas e Sistemas

ERP Systems:

SAP S/4HANA: Gestão integrada de custos
Oracle NetSuite: Cloud-based ERP
Microsoft Dynamics 365: Solução integrada
TOTVS Protheus: Líder no mercado brasileiro

Specialized Software:

Fishbowl: Gestão de inventário
inFlow: Controle de estoque
Zoho Inventory: Solução cloud
TradeGecko: E-commerce inventory

Analytics Platforms:

Tableau: Visualização de dados
Power BI: Business Intelligence
Qlik Sense: Self-service analytics
Looker: Modern BI platform

FAQ – Perguntas Frequentes

Qual a diferença entre COGS e Operating Expenses?

COGS inclui apenas custos diretamente relacionados à produção/aquisição de produtos vendidos. Operating Expenses incluem custos administrativos, vendas e marketing que não estão diretamente ligados à produção. Segundo FASB ASC 330, essa distinção é fundamental para análise de margem bruta.

Como o método de avaliação de estoque afeta o COGS?

Em períodos inflacionários, FIFO resulta em COGS menor (usa custos mais antigos), enquanto Custo Médio suaviza variações. A escolha impacta diretamente a margem bruta e deve ser consistente conforme CPC 16(R1).

COGS inclui depreciação de equipamentos?

Sim, para empresas manufatureiras, a depreciação de equipamentos de produção é incluída nos Custos Indiretos de Fabricação (CIF) que compõem o COGS. Para varejo, geralmente não, pois equipamentos são considerados ativos operacionais.

Como calcular COGS para empresas SaaS?

Para SaaS, COGS inclui: custos de infraestrutura cloud, suporte direto ao cliente, third-party services e processamento de dados. Segundo SaaS Capital (2025), a mediana é 13% da ARR para empresas B2B.

Qual o impacto da inflação no COGS?

Inflação aumenta custos de matéria-prima, mão-de-obra e energia, elevando o COGS. Empresas podem usar hedge de commodities, contratos indexados e revisão de preços para mitigar o impacto.

Conclusão

O Cost of Goods Sold (COGS) é uma métrica financeira fundamental que impacta diretamente a rentabilidade e competitividade das empresas. Em 2025, com pressões inflacionárias e mudanças na cadeia de suprimentos, a gestão eficaz do COGS tornou-se ainda mais crítica.

Pontos-chave para 2025:

Compliance rigoroso com normas FASB ASC 330, IFRS IAS 2 e CPC 16(R1)
Tecnologia avançada para otimização de custos e controle de estoque
Análise contínua de benchmarks setoriais e tendências de mercado
Estratégias de hedge para proteção contra volatilidade de custos

Próximos passos:

1.Auditoria de métodos: Revise métodos de avaliação de estoque
2.Benchmark setorial: Compare COGS com concorrentes
3.Implementação de controles: Fortaleça controles internos
4.Otimização tecnológica: Invista em sistemas integrados
5.Monitoramento contínuo: Estabeleça KPIs e dashboards
Com base nas normas contábeis vigentes e melhores práticas de mercado, a gestão eficaz do COGS proporciona vantagem competitiva sustentável e melhoria contínua da performance financeira.
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